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Catequese

A Igreja Primitiva (30 d.C - 313 d.C)

Era a Igreja formada pelos primeiros cristãos em áreas urbanas (forma organizada das cidades romanas), onde as transformaram (At 17,4). Eram as primeiras comunidades cristãs. Elas viviam escondidas, mas em união total. Todos continuavam firmes no ensino dos apóstolos, viviam em amizade uns com os outros, e se reuniam para as refeições e as orações. Os cristãos desta época tinham um sentimento de irmandade, caridade e fé, inegavelmente muito maior que o cristão de hoje. O melhor documento histórico para entendermos bem o período é o livro dos Atos dos Apóstolos, escrito por São Lucas Evangelista, onde vemos como essas comunidades se desenvolverem, suas dificuldades nos arredores da Palestina e parte da Ásia menor.

Ao ler At 2, 42-47, podemos perceber o dia-a-dia dos primeiros cristãos. Eles viviam em regime de comunhão de bens, se aplicavam também na Oração (sendo a força catalisadora para a mudança de vida à a oração precisa da razão, assim como a fé), a fração do pão (partilha do todo, segundo a necessidade de cada um – o “pão” – sendo visto como a totalidade da necessidade) e havia meditação na Doutrina dos Apóstolos (consideravam o estudo, a investigação e a reflexão para terem certeza daquilo que iriam acreditar). Sua atuação se dá em Atenas, Jerusalém, Éfeso, Corinto, Roma, Alexandria, Antioquia e Tessalônia. Eram as próprias comunidades que financiavam as peregrinações dos Apóstolos e Peregrinos Evangelizadores pelo mundo todo. Eles aceitavam a própria morte e torturas física por amor a Jesus.

Os primeiros cristãos mudavam as cidades, mexiam com o sistema, eram intelectuais... Podemos dividir esse período em: “Período Apostólico” (30-70 d.C), “Período Sub-apóstólico” (70-135 d.C) e “Período dos Mártires e da Institucionalização da Igreja” (135-313 d.C). O termo “Apóstolo” significa “enviado”, em grego. Missionários itinerantes, que tiveram contato com Jesus de Nazaré. Foram testemunhas oculares. Até o ano 100 d.C os cristãos ainda são bem desconhecidos. Os romanos os confundem com os judeus. Aos poucos, o cristianismo vai mostrando sua existência. Era o início da “Grande Igreja”.

O Cristianismo nasceu e desenvolveu-se dentro do quadro político-cultural do Império Romano. Durante três séculos o Império Romano perseguiu os cristãos (época das perseguições), porque a sua religião era vista como uma ofensa ao Estado representava outro universalismo e proibia os fiéis de prestarem culto religioso ao soberano. Aos poucos se propagou em Roma e pelo império.

As principais e maiores perseguições foram as do imperador Nero, no século I (morte de Paulo, Pedro), a de Décio no ano 250, a de Valeriano (253-260) e a maior, mais violenta e última a de Diocleciano entre 303 e 304 que tinha por objetivo declarado acabar com o cristianismo e a Igreja. O balanço final desta última perseguição constituiu-se num rotundo fracasso, Diocleciano, após ter renunciado, ainda viveu o bastante para ver os cristãos viverem em liberdade.

No século IV, o Cristianismo começou a ser tolerado pelo Império, para alcançar depois um estatuto de liberdade e converter-se finalmente, no tempo do imperador Teodósio (379-395), em religião oficial do Estado (380). O imperador romano, por esta época, convocou as grandes assembléias dos bispos, a saber, os concílios e a Igreja puderam então dar início à organização de suas estruturas territoriais.

Alguns fatos importantes:

· O Concílio de Jerusalém (49 d.C) à Ele seria o marco definitivo da ruptura do judaísmo com o cristianismo. A admissão de gentios (não-judeus) era um fato de difícil compreensão para os cristãos-judeus, que ainda se encontravam em parte presos às velhas tradições e práticas antigas. Foi presidido pelo Apóstolo Pedro. Seria o Concílio de Jerusalém, o primeiro deles. Assim foi aceito o batismo de não-judeus. “A salvação é pela fé e pela graça, não pela observância da Lei” (At 15:7-11).

· Início do Monaquismo (séc. IV) à A Cristandade instrumentaliza a Igreja pelo Estado até um determinado ponto. Alguns bispos e os ascetas (eremitas) percebem esse perigo da “mundanização da Igreja”, pois o imperador está “na Igreja e não acima da Igreja” (Santo Ambrósio, bispo de Milão). Eremitas (Latim) / Anacoretas “ir para” (Grego) / Mônacos (Grego) à pessoas solitárias que fugiam do convívio das cidades e aldeias e iam para as margens do deserto. Esses bispos escrevem textos assinalando fronteiras, pois a igreja está no mundo, mas não é o mundo. Ela podia ser protegida pelo Estado, mas não queriam pagar com a sua submissão perante ele. Ela não é poder político. Primeiramente esse movimento é considerado “anárquico”, pois ele se automarginalizou, contudo, foi recuperado pela Igreja e deixou de ficar a margem



A Igreja na Idade Média
Em meio à desorganização administrativa, econômica e social produzida pelas “invasões” ou migrações germânicas e ao esfacelamento do Império Romano, praticamente apenas a Grande Igreja, com sede em Roma, conseguiu manter-se como instituição. Vemos os Vândalos na África, os Visigodos na Hispania, os Francos na Gália, os Anglos e Saxões nas Ilhas Britânicas, os bárbaros(Germânicos) na Itália. Consolidando sua estrutura religiosa, a Igreja foi difundindo o cristianismo entre os povos “bárbaros”, enquanto preservava muitos elementos da cultura greco-romana. Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a igreja passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de unificação, diante da “fragmentação política” (processo de atomização do poder – poder local forte) da sociedade feudal.

OBSERVAÇÃO: O termo católico (adjetivo grego que significa “Universal”) é usado a partir do Concílio de Trento (1545 - 1563) para designar a Igreja Romana em oposição às Igrejas da Reforma. Antes, o termo utilizado era Cristandade.

Primeiramente, vamos entender a periodização
A Idade Média (Medium Aevum ou Middle Age) É o termo usado para o período situado entre a Antiguidade e a Idade Moderna. Conceito estipulado no período do Renascimento Cultural (século XVI) voltado somente para a região da Europa Ocidental, ou seja, não há Idade Média na África, Japão, China... Cada um desses locais possuem denominações próprias para esse período.

Tem como marco inicial o ano de 476 d.C (com o fim do Império Romano no Ocidente – tomada de Roma, pelo imperador germânico Odoacro) e tem seu término no ano de 1453 d.C (com o fim do Império Romano no Oriente - Tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos). Suas características, entretanto, nunca foram às mesmas no tempo ou no espaço, pois não havia unidade nesse período. É preciso dizer o contexto específico.

O período está dividido em: Alta Idade Média (séc. VI - X), Idade Média Central (séc. XI - XIII) e Baixa Idade Média (séc. XIV e XV). Há até hoje um forte preconceito sobre este período, tomado como “Idade das Trevas”, “Escuridão”, de “Pestes e Guerras”, não havia “cidades, nem comércio”, dentre outros adjetivos. Contudo, deve ser levado em consideração que num período de mil anos, não houve apenas pestes, guerras... Temos que ter um olhar consciente: Nesse período houve a criação das Universidades, da letra minúscula, do parlamento, Hospitais, Tribunal com Júri, aperfeiçoamento da Matemática, geografia, escrita...

Devemos estudá-la sem preconceitos, com um olhar crítico e consciente.

Entendendo o Surgimento da Cristandade
Entende-se Cristandade por um sistema de relações da Igreja e do Estado (ou qualquer outra forma de poder político) numa determinada sociedade e cultura. Ela perdura até praticamente a Revolução Francesa (1789), com várias modalidades dentro desse processo através dos séculos. Na história do cristianismo, o sistema iniciou-se por ocasião da Pax Ecclesiae em 313 (paz concedida pelo imperador Constantino à Grande Igreja), com o Edito de Milão (ele põe fim às perseguições) e deu origem à primeira modalidade de Cristandade dita “constantiniana”; a qual se apresenta como um sistema único de poder e legitimação da Igreja e do Império tardo-romano.

As características gerais desta modalidade “constantiniana” são, entre outras, o cristianismo apresentar-se como uma religião de Estado, obrigatória, portanto para todos os súditos; a relação particular da Igreja e do Estado dar-se num regime de união; a religião cristã tender a manifestar-se como uma religião de unanimidade, multifuncional e polivalente; o código religioso cristão, considerado como o único oficial, ser, todavia diferentemente apropriado pelos vários grupos sociais, pelos letrados e iletrados, pelo clero e leigos. A figura ao lado é o “Monograma de Cristo”, da época de Constantino. Ele é formado por duas letras entrelaçadas, as letras gregas "chi" (X) e "rô" (P). Essas letras são as iniciais de "Christós", em grego: CRISTOS.

Os Padres da Igreja
Os tempos de ouro da Patrística foram os séculos IV e V, embora possa se entender que se estenda até o século VII a chamada "idade dos Padres". Os principais Pais do Oriente foram: Eusébio de Cesaréia, Santo Atanásio, Basílio de Cesaréia, Gregório de Nisa, Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo e São Cirilo de Alexandria. Os principais Padres do Ocidente são: Santo Agostinho, autor das "Confissões", obra prima da literatura universal e Santo Ambrósio; Eusébio Jerônimo, dálmata, conhecido como São Jerônimo que traduziu a Bíblia diretamente do hebraico, aramaico e grego para o latim. Esta versão é a célebre Vulgata, cuja autenticidade foi declara pelo Concílio de Trento. Outros pais que se destacaram foram São Leão Magno e Gregório Magno, este um romano com vistas para a Idade Média, as suas obras "os Morais e os Diálogos" serão lidas pelos intelectuais da Idade Média, e o canto "gregoriano" permanece vivo até os dias de hoje. Santo Isidoro de Sevilha, falecido em 636, é considerado o último dos grandes padres ocidentais.

A Cristandade Medieval
A Cristandade medieval ocidental é, em certa medida, a continuadora da Cristandade antiga, a do “Império Cristão” dos séculos IV e V. No contexto medieval, acentuaram-se muito mais a situação de unanimidade e conformismo, obtida por um consenso social homogeneizador e normatizador, consenso este favorecido pela constituição progressiva de uma vasta rede paroquial e clerical. As instituições todas tendiam, pois, a apresentar um caráter sacral e oficialmente cristão. Sabemos que nela predominou, em geral, a tutela do clero. Não, todavia durante os séculos IX e X, quando a tutela dos leigos sobre as instituições eclesiais a levou à sua feudalização, o que provocou a partir do século XI, o grito dos reformadores, sobretudo eclesiásticos: libertas Ecclesiae. Ocorreu então a reforma “gregoriana”, no século XI, que operou a síntese de uma reforma na e da Igreja, de uma reforma “na cabeça e nos membros”.

Alguns Fatos Históricos Importantes ocorridos no Período da Idade Média
- A Distinção Gelasiana (494)

O Bispo de Roma, o Papa Gelásio I (492-496) efetuou a distinção entre o poder temporal dos imperadores e o espiritual dos papas, considerando superior o poder destes últimos. Envia um documento ao imperador do Oriente (Anastácio). Definiu a teoria dos dois poderes: o poder temporal (poder do imperador) e o poder espiritual (poder dos bispos). Os bispos, de acordo com essa teoria, seriam superiores ao poder temporal. Estabelecido ainda que a figura do papa não poderia ser julgada por ninguém. Dizia que o papel do Pontífice era antes ouvir do que julgar.

- As Heresias

Define-se como negação ou dúvida pertinaz de uma verdade que se deve crer com fé divina e católica, por quem recebeu o batismo. Ao longo da história da Igreja vemos: O Gnosticismo (séc. II); Maniqueísmo (séc. III); Arianismo (séc. IV); Pelagianismo (séc. V); Iconoclastas (séc. VIII); Cátara e valdense (séc. XII-XIII); Protestantismo e Anglicanismo (séc. XVI); Jansenismo (séc. XVII); Modernismo (séc. XIX). O relativismo doutrinal e moral são tidos como a grande heresia atual. O rigor da Igreja no combate às heresias e cismas variou ao longo dos tempos, com períodos de grande repressão, sobretudo quando tais desvios eram cominados com penas graves pelo poder político.

- Os Mosteiros

Vemos com São Bento de Nursia (529), uma retomada e revigoramento dos mosteiros. Os ermitões (Ermo – significa desertos) atuavam sozinhos e passam a se organizar em pequenos grupos. São Bento traça uma regra, dando uma forma a vida monástica, a qual passa a ser copiada em outros mosteiros. O dia do monge é dividido em 7 momentos de oração, mais o trabalho manual (penitência), produz seu alimento. “Ora et Labora”. Não é necessário buscar mosteiros distantes, mas se santificar com aqueles que convive. Deu forma ao monasticismo medieval. Ao longo da Idade Média vemos que os mosteiros preservam as escrituras sagradas, tornam-se refúgio, guardam as obras de arte e cultura...

- Fragmentação do Império Romano no Ocidente

Com as migrações germânicas e a queda do Império Romano no ocidente (476) os bispos começam a buscar a unificação. Apelam para a elite romana “Romanitas”, que passam a defender os valores cristãos. Os reis bárbaros vão se convertendo ao longo dos anos. Vemos a ação do papa Gregório I, o Magno (590-604) assinala que “todo o poder foi dado ao alto aos meus senhores para ajudar os homens a fazer o bem”. Assim os bispos e o Imperador e os reis têm a função de ajudar o bem e punir o mal. Primeiro papa monge, intitulava-se Servidor dos Servidores de Deus. Aproveitou-se da falência imperial na Itália para assumir o poder temporal. Desligou-se da influência bizantina e aproximou-se dos germânicos. Visigodos, suábios e lombardos se converteram. Agostinho foi à Inglaterra e converteu os anglo-saxões. Os escritos de Gregório Magno instruíram o clero e fortaleceram a religiosidade dos fiéis. Sua Regra Pastoral serviu de manual para os padres em toda a Idade Média.

- As Cruzadas

Atendendo ao apelo do papa Urbano II, em 1095, foram organizadas na Europa expedições militares conhecidas como cruzadas (esses missionários assim se chamavam pela cruz de pano que levavam na veste), cujo objetivo oficial era conquistar os lugares sagrados do cristianismo (Jerusalém, por exemplo) que estavam em poder dos muçulmanos e turcos. Entretanto, além da questão religiosa, outras causas motivaram as cruzadas: a mentalidade guerreira da nobreza feudal, canalizada pela Igreja contra inimigos externos do cristianismo (os muçulmanos); e o interesse econômico de dominar importantes cidades comerciais do Oriente. Os cristãos eram estimulados pelas indulgências que lhes prometiam o perdão dos pecados e a posse do céu. De 1095 a 1270, a cristandade européia organizou oito cruzadas, tendo como bandeira promover guerra santa contra os infiéis. Era a guerra santa, justa, pois eles estavam difamando o santo sepulcro, a terra santa. Foram, ao todo, oito grandes incursões. Vemos a Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096), Primeira Cruzada (1096-1099), Segunda Cruzada (1147-1149), Terceira Cruzada (1189-1192), Quarta Cruzada (1202-1204), Cruzada Albigense, Quinta Cruzada (1217-1221), Sexta Cruzada (1228-1229), Sétima Cruzada (1248-1250), em março de 1270, o rei Luís IX, São Luís, decide organizar uma nova cruzada - Oitava Cruzada (1270), a qual fracassa e ele morre em combate.

- Querela das Investiduras

A Questão das Investiduras refere-se ao problema de a quem caberia o direito de nomear sacerdotes para os cargos eclesiásticos, ao papa ou ao imperador. No século X, o imperador Oto I, do Sacro Império Romano Germânico, iniciou um processo de intervenção política nos assuntos da Igreja a fim de fortalecer seus poderes. Fundou bispados e abadias; nomeou seus titulares (abades leigos) e, em troca da proteção que concedia ao Estado da Igreja, passou a exercer total controle sobre as ações do papa. Durante esse período, a Igreja foi contaminada por um clima crescente de corrupção, afastando-se de sua missão religiosa e, com isso, perdendo sua autoridade espiritual. As investiduras (nomeações) feitas pelo imperador só visavam os interesses locais. Os bispos e os padres nomeados colocavam o compromisso assumindo com o soberano acima da fidelidade ao papa. No século XI surgiu um movimento reformista, visando recuperar a autoridade moral da Igreja, liderado pela Ordem Religiosa de do mosteiro de Cluny (França). Esses ideais foram ganhando força dentro da Igreja, culminando com a eleição, em 1073, do papa Gregório VII, antigo monge daquela ordem reformista.

- A Reforma Gregoriana (Século XI)

Os papas escolhidos passam a ser de origem germânica (monges), logo os papas romanos saem de cena, pois os primeiros não teriam parte com a política local. Com isso as reformas têm inicio com esses papas de origem monástica, com amplas mudanças de cima para baixo, hierarquizada, uma reforma das instituições. Hildebrando, reformador ligado ao movimento de Cluny, tinha acesso ao papa e, sob sua influência, Nicolau II criou em 1059 o Colégio dos Cardeais, com finalidade de eleger o papa, limitado o cesaropapismo. Primeiro, há uma reforma do clero, contra os abusos existentes, das instituições (reforma da Igreja). Também havia a necessidade da mudança dos corações, dos pensamentos (reforma na Igreja). A reforma viria do papado, passaria pelos bispos, presbíteros e monges até chegar aos leigos. Esse espírito de reforma foi lento e progressivo, aos poucos, vemos os abusos sendo retirados. Em 1073, Hildebrando foi eleito papa, com o nome de Gregório VII. Instituiu totalmente o celibato dos sacerdotes, em 1074, e proibiu que o imperador investisse sacerdotes em cargos eclesiásticos, em 1075. O Imperador alemão Henrique IV reagiu dando o papa como deposto. Desenvolveu-se, então, um conflito aberto entre o poder temporal do imperador e o poder espiritual do papa. O papa considerou o imperador igualmente deposto, excomungando-o, e proibindo os vassalos de lhe prestar serviço, sob pena de excomunhão. Há uma interdição (sem batismos, sem eucaristia, sem extrema unção). Henrique foi ao Castelo de Canossa em 1077 e pediu perdão ao papa, que o concedeu. Esse conflito foi resolvido somente em 1122, pela Concordata de Worms, assinada pelo papa Calixto III e pelo imperador Henrique V. Adotou-se uma solução de meio termo: caberia ao papa a investidura espiritual dos bispos (representada pelo báculo), isto é, antes de assumir a posse da terra de um bispado, o bispo deveria jurar fidelidade ao imperador.

- Hospitalários (Ordem dos)

O ideal cavalheiresco da Idade Média levou à criação de várias instituições de apoio aos doentes internados, ordem leiga de caráter assistencialista (1113), hospital para os peregrinos que vinham feridos e cansados.

- Os Templários

Ordem fundada em França (1119) para lutar contra os infiéis. O nome veio-lhes da casa que tiveram em Jerusalém sobre as ruínas de uma mesquita (cavaleiros da Ordem doTemplo). Fazem votos dados pelo patriarca de Jerusalém. Em 1129, vê-se a implantação militar. Prestaram notáveis serviços na Terra Santa e no Sul da Europa, chegando a ter 5 províncias e 4000 membros. É oficializada em 1199. As benesses recebidas de reis e papas deram-lhes grande poder financeiro, o que levou Filipe o Belo, rei de França, a acusá-los, com a conivência da Inquisição, de crimes graves, obrigando o Papa (Clemente V) a suprimi-los. Muitos foram mortos. Os seus bens, em França, foram confiscados pelo rei; em Portugal, passaram para a Ordem de Cristo, fundada por D. Dinis.

- O Cisma do Ocidente (1378-1417)

Resultante da coexistência de papas e antipapas foi fruto de rivalidades dentro e fora da Igreja. Não há um “cisma” de fato, pois o que se dividiu é a obediência a dois papas e não à obediência eclesial.

Após a morte do papa Gregório XI, há um conclave com 16 cardeais e depois de muitas dificuldades elegem um italiano, Urbano VI. Ele era intransigente, rude, indelicado e os cardeais assinalam que querem rever a decisão e pedem a sua renúncia. Ele rejeita. Grande parte dos cardeais vão para Nápoles e realizam novo Conclave, elegendo Clemente VII. A Igreja passa a ter “dois papas”. Eles ficam em Avinhão (França). A obediência fica dividida, ambos governando. Estados que apoiavam Urbano VI (Escandinávia, Flandres, Inglaterra, o Imperador e a maioria dos príncipes) usam a força para destituir Clemente VII (apoiado pelos parentes do rei da França Carlos V, Escócia, Castela), como uma cruzada. Essa seria a “Via Facti”. Os reis, os prelados, os párocos, as ordens religiosas tomam partido e ajudam nessa adesão de obediências. Em 1394, morre Clemente VII e é eleito Bento XIII. Também morre Urbano VI e é eleito Gregório XII. Continuam dois papas a governar. Em 1409, os dois grupos buscam uma via conciliar para resolver a situação, com o Concílio de Pisa, destituem os dois papas e elegem Alexandre V (com a maior parte das Ordens Religiosas decididas a fazer uma inteira reforma na Igreja). Os dois papas não aceitam e a igreja passa a ser governada por 3 papas. Alexandre V morre e é eleito João XXIII (nome depois cancelado e renascido somente no século XX - e já no ano seguinte tomou posse da catedra romana). Apenas em 1417, vemos uma solução: João XXIII se demite, Gregório XII abdica e Bento XIII é deposto e se isola na Catalunha, sem apoio. Martinho V (1417-1431) é eleito e traz a unicidade novamente. Retorna para Roma. Em 1439, ainda teríamos o antipapa Félix V, contudo, não avança tal fato.

- A Inquisição

Tribunal eclesiástico para averiguar e julgar os acusados de heresia. A sua instituição jurídica data de 1232 (Inquisição Medieval); pelo papa Gregório IX, para disciplinar as freqüentes práticas persecutórias da parte do povo e dos príncipes, muitas vezes sob a forma de linchamentos. A desmoralização pública era a maior pena para os hereges condenados pelos inquisidores (bispos).

No séc. XI apareceu uma heresia fanática e revolucionária, como não houvera até então: o Catarismo (do grego katharós, puro) ou o movimento dos Albigenses (de Albi, cidade da França meridional, onde os hereges tinham seu foco principal). Em geral, a Inquisição quando condenava um herege entregava-o ao braço secular, para lhe aplicar o castigo previsto nas respectivas leis e costumes, incluindo a morte na fogueira. A Igreja aplicava a condenação espiritual, “no outro mundo”. O seu funcionamento dependia muito dos inquisidores, que eram normalmente dominicanos, alguns deles elevados às honras dos altares (como S. Pedro de Verona, morto às mãos dos Cátaros). Devem reconhecer-se, além da crueza própria dos costumes de então, verdadeiros abusos e injustiças (como a condenação dos Templários e de Sta. Joana de Arc). Ficou também célebre a condenação (sem execução) de Galileu.

Nos séculos. XV e XVI, a Inquisição foi reorganizada para enfrentar a heresia protestante, em geral, a pedido dos príncipes católicos. Em Espanha foi autorizada em 1478, em moldes que a fazia depender muito do poder civil. Em Portugal teve acuação moderada desde o séc. XIV, mas só se tornou particularmente rigorosa com D. Manuel I e D. João III, pelas medidas discriminatórias contra judeus e cristãos-novos.

A Inquisição é inconcebível para a atual mentalidade, mas a sua correta apreciação deve ter em conta os tempos em que vigorou, em que a heresia era sentida como perigo grave para a unidade da Igreja e do Estado, e em que as penas aplicadas eram comuns no direito corrente dos povos. A Igreja aplicava as penas espirituais (na outra vida), tais como a excomunhão. Os condenados pela inquisição eram entregues às autoridades administrativas do Estado, que se encarregavam da execução das sentenças seculares. As penas aplicadas a cada caso iam desde a confiscação de bens até a morte em fogueiras.

A intervenção do poder secular exerceu profunda influência no desenvolvimento da inquisição. As autoridades civis anteciparam-se na aplicação da forma física e da pena de morte aos hereges; instigaram a autoridade eclesiástica para que agisse energicamente; provocaram certos abusos motivados pela cobiça de vantagens políticas ou materiais.

OBS.: De resto, o poder espiritual e o temporal na Idade Média estavam, ao menos em tese, tão unidos entre si, que lhes parecia normal recorrer um ao outro em tudo que dissesse respeito ao bem comum. Quanto a Inquisição Romana instituída no séc. XVI era herdeira das leis e da mentalidade da lnquisição medieval.

“Em nossos tempos, o Papa João Paulo II pediu perdão repetidamente por falhas dos filhos da Igreja. É de notar que não mencionou ‘falhas da igreja’, mas ‘falhas dos filhos da Igreja’. Implicitamente retomou a distinção entre pessoa e pessoal da Igreja: pessoa seria a Igreja Esposa de Cristo, que o Senhor vivifica e à qual garante a fidelidade ao Evangelho; pessoal seriam os fiéis, que nem sempre obedece às normas da Santa Mãe Igreja. O pecado está na Igreja, mas não é da Igreja; é resquício da velha criatura dentro da novidade da criatura oriunda do Batismo e da inserção em Cristo.” (in: BETTENCOURT, E. in: Na História da Igreja luzes e sombras)



A reforma protestante


Foi o movimento que rompeu a unidade do Cristianismo centrado pela Igreja de Roma. Esse movimento é parte das grandes transformações econômicas, sociais, culturais e políticas ocorridas na Europa nos séculos XV e XVI, que enfraqueceram a Igreja permitindo o surgimento de novas doutrinas religiosas – Protestantes. A Igreja estava em crise, a burguesia crescia em importância, o nacionalismo desenvolvia-se nos Estados modernos e o Renascimento Cultural despertava a liberdade de Crítica. O aumento populacional somado às transformações que vêm junto com esse aumento acarreta em um baque entre a Igreja e essas transformações. Os intelectuais das cidades pensam hipóteses, passam a ter idéias, problemas que antes não existiam. O termo “Igreja Católica” é posterior ao Concílio de Trento, uma forma de diferenciação perante os protestantes. Antes só existia a Cristandade.

A esse movimento de divisão no cristianismo e surgimento das novas doutrinas dá-se o nome de REFORMA e à reação da Igreja, realizando modificações internas e externas, de CONTRA-REFORMA. Contudo, esse movimento foi precedido por várias manifestações nos séculos anteriores, mas nenhuma delas conseguiu o rompimento definitivo com a Igreja Romana. Dentre elas, vemos:

- Heresias Medievais (Arianismo, Valdenses, Albigenses);
- Querela de Investiduras (disputas entre os papas e os imperadores da Alemanha a partir de 1074, pelo direito de nomear bispos e abades. Só se resolve no século XII);
- Cisma do Ocidente – (Ocorrido em 1378, em que a Igreja passa a ser governada por TRÊS papas – ela se unifica em 1417);
- Movimentos Reformadores – John Wiclif (1320? -1384) e Jonh Huss (1369-1415;.

Os primeiros questionamentos são referentes à questão das Indulgências (documentos assinados pelo papa, que absolviam o comprador de alguns pecados cometidos, diminuindo o tempo de sua pena no purgatório, era um comércio em vista da salvação); a Simonia {comercialização de coisas sagradas (Cargos eclesiásticos, cobrança por sacramentos, objetos...)}; o celibato, culto às imagens, excesso de sacramentos, atitude mundana do Alto Clero, dentre outras. Havia um abismo muito grande entre o que a Igreja pregava e o que fazia.

A REFORMA LUTERANA

A região da atual Alemanha não está centralizada, é agrária e feudal. A Igreja possui um terço das terras. Há descontentamento geral. Vendo tantos abusos por parte do Clero, o monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546) não se calou. Elaborou 95 teses e afixou-as na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 1517. A maioria era contra as indulgências. Principalmente as indulgências visando à construção da Basílica de São Pedro. Apoiado pela nobreza alemã, Lutero pôde divulgar suas idéias, calcada em dois princípios que se constituiriam no núcleo de sua doutrina: A Salvação somente pela fé e não pelas práticas religiosas e a Inutilidade dos Mediadores (Clero).

Em Junho de 1518 foi aberto o processo contra Lutero, com base na publicação das suas 95 Teses. Alegava-se que este incorria em heresia, a ser examinado pelo processo. Nas aulas que dava na Universidade de Wittenberg, espiões registram os comentários negativos de Lutero sobre a excomunhão. Depois disso, em agosto de 1518, o processo é alterado para heresia notória. Lutero é convidado para ir a Roma, onde desmentiria sua doutrina. Lutero recusa-se a fazê-lo, alegando razões de saúde e pretende uma audiência em território alemão. O seu pedido foi aceito, ele foi convidado para uma audiência com o cardeal Caetano de Vio (Tomás Caetano), durante a reunião das cortes (Reichstag) imperiais de Augsburg. Entre 12 e 14 de Outubro de 1518, Lutero fala a Caetano. Este pede-lhe que revogue a sua doutrina. Lutero recusa-se a fazê-lo.

Do lado romano, o caso pareceu terminado. Por causa da morte de Imperador Maximiliano I (Janeiro de 1519), houve uma pausa de dois anos. Após a escolha de Carlos V como imperador (26 de junho de 1519), o processo de Lutero voltará a ser reatado. Em junho de 1520 reaparece a ameaça no escrito "Exsurge Domini", em Janeiro de 1521 a bula "Decet Romanum Pontificem". Com ela foi excomungado Lutero.

Ele queima publicamente a carta do papa (Bula papal), traduz a Bíblia para o Alemão e fica abrigado na Saxônia. Em abril de 1523, Lutero ajudou 12 freiras a escapar do cativeiro do convento de Nimbschen. Entre essas freiras encontrava-se Catarina von Bora, com quem se casou em 13 de junho de 1525. Dessa união saíram seis filhos: Johannes, Elisabeth, Magdalena, Martin, Paul e Margaretha. Em 1546, no dia 18 de fevereiro, aos 62 anos, Martinho Lutero faleceu.

à Eis suas reivindicações e críticas principais:

Substituição do Latim pelo idioma alemão nos cultos religiosos; Questiona a grande quantidade de sacramentos (Preserva dois sacramentos: batismo e eucaristia); Livre interpretação da Bíblia; Contra o Celibato; Rejeita a Hierarquia Religiosa da Igreja de Roma; pregava a Salvação pela fé; Negava a Transubstanciação – afirmava a Consubstanciação (misturados); Pecado Original: Marca do gênero Humano (nem Cristo, nem o Batismo o retiram);

O Luteranismo expandiu-se basicamente no Sacro Império Romano-Germânico e nos países escandinavos (Suécia, Noruega e Dinamarca), regiões essencialmente rurais, pouco desenvolvidas em termos comerciais. Através de suas idéias, eles desapropriam as terras da Igreja.

A REFORMA CALVINISTA

João Calvino (1509-1564) era francês, que inicia sua ruptura em Genebra, Suíça, por volta de 1536. Lá começa a publicar estudos sistemáticos sobre a nova religião. Funda uma nova doutrina que expande a Reforma. A burguesia dessa cidade havia adotado os princípios da reforma para lutar contra seu governante, o católico Duque de Savóia, o que favoreceu a atuação do reformador. Ele divergia de Lutero em alguns pontos, principalmente na questão da Salvação. Diferente de Lutero (salvação pela fé), ele defendia a idéia de que a fé não era suficiente, uma vez que o homem já nasce predestinado, ou seja, escolhido por Deus para a vida eterna ou para a sua condenação. Calvino tornou-se todo-poderoso, conseguindo impor sua doutrina, interferir nos costumes, nas crenças e na própria organização político-administrativa da cidade. O Calvinismo propagou-se rapidamente atingindo a França, a Holanda, a Inglaterra e a Escócia.

à Eis algumas de suas teorias e questionamentos:

- A riqueza material era um sinal da graça divina sobre o indivíduo. Essa teoria é assimilada pela burguesia local, que justificava não só seu comércio, como também as atividades financeiras e o lucro a elas associado. Ele justifica as atividades econômicas até então condenadas pela Igreja romana.
- Grande rigidez na moral
- Questiona a Liturgia da Missa (simplifica com o Sermão, a oração e a leitura da Bíblia).
- Questiona o uso das Imagens (houve quebra-quebra nas paróquias locais)
- Acaba com os jogos, dança ida ao teatro...
- “O homem que não quer trabalhar, não merece comer.” afirma.
- Livre Interpretação da Bíblia;
- Nega o culto aos santos e a Virgem;
- Questiona a autoridade do Papa;
- Defende a separação entre a Igreja e o Estado;
- Questiona o Celibato do clero;
- Questiona a Transubstanciação (propõe uma presença material, o Cristo está presente, mas não materialmente).
- Ele cria um conselho para reger a vida religiosa em Genebra de “12 anciãos”. Eles julgavam, ditavam regras. Consistório de Genebra.
- A doutrina afirma que não há certeza da salvação;

A REFORMA ANGLICANA

Os ingleses, durante a época dos Tudor, também criticavam os abusos da Igreja Romana, a ineficiência dos tribunais eclesiásticos e o favoritismo na distribuição de cargos públicos para membros do Clero, além de queixar-se do pagamento e do envio de dízimos para Roma. Durante o governo de Henrique VIII (1509-1547), a burguesia fazia pressão para o aumento do poder do parlamento. O rei, necessitando aumentar as riquezas do Estado, confisca as terras da Igreja, o que gera desentendimentos com o Papa. Isso se agrava quando o monarca solicita a anulação do casamento com Catarina de Aragão. Ele não tinha sucessores masculinos, temia que seu trono caísse em mãos espanholas. Toda a nação, com medo deste fato, apóia esse pedido. O Papa Clemente VII nega o pedido. O Rei rompe com o papado e faz uma reforma na Igreja Inglesa. Obriga seus membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a jurar-lhe fidelidade e obediência. Obtém do clero inglês o divórcio e se casa com uma dama da corte, Ana Bolena. O Papa tenta intimidá-lo excomungando-o, mas não adianta.

Em 1534, Henrique VIII decreta o Ato de Supremacia, que consolida a separação entre a Inglaterra e o papa. Torna-se o chefe da Igreja de seu país. A Reforma anglicana, na prática, apresenta poucas modificações com a Igreja romana: Questiona o Culto aos santos; A autoridade máxima é o Rei e não o papa; Questiona o culto às relíquias; Prega a popularização da leitura da Bíblia. A Reforma anglicana resolveu, na prática, dois problemas para a monarquia: a questão da herança do trono e com a venda das terras da Igreja para a burguesia e nobreza, dá um suporte financeiro para a Coroa. O Anglicanismo se consolida no reinado de Elizabeth I, filha de Henrique VIII, que renova seu direito de soberania real sobre a Igreja, além de fixar os fundamentos da doutrina e do culto anglicano na Lei dos 39 Artigos, em 1563.

OBSERVAÇÃO - O Calvinismo também criou raízes na Inglaterra. Seus adeptos, os puritanos, iriam entrar em choque com os anglicanos, gerando inúmeros conflitos no século XVII, que levaram às imigrações maciças para a região da Nova Inglaterra, na América do Norte.



THOMAS MÜNTZER (1489 - 1525)

Liderou uma revolta em 1524 com camponeses da região do Reno. Além de atacar a Igreja pela cobrança de dízimos, passam a reivindicar a reforma agrária e a abolição dos privilégios feudais. Ele afirmava ser Luterano. O movimento se espalhou por várias regiões alemãs com assaltos a castelos, queima dos mosteiros e roubo de colheitas. A essas manifestações, seguiu-se uma repressão violenta, apoiada por Lutero em prol da Nobreza alemã. Müntzer foi preso e decapitado e houve o massacre de milhares de camponeses. Ele foi um dos grandes pregadores do ANABATISMO (os convertidos são batizados na idade adulta, mesmo já sendo batizados quando criança).

Tinham a necessidade de rebatizar os indivíduos, de separar a Igreja e o Estado, de abolir as imagens e o culto dos santos, queria uma igualdade absoluta entre os homens, viver com simplicidade, pois todos eram inspirados pelo Espírito Santo. Uma das principais questões de sua formulação teológica é a igualdade. Através do sacrifício de Cristo na cruz todos os homens se tornaram iguais perante Deus e livres do “jugo do pecado”. Com base nisso, Müntzer coloca no mesmo patamar tanto os senhores como os servos e é criticado por Lutero, uma vez que estaria reduzindo a liberdade a algo meramente carnal. Esse traço do pensamento de Müntzer (associado ao lema "omnia sunt communia") foi interpretado por alguns como uma formulação pré-socialista. No entanto, o que está em questão é algo muito diferente do socialismo do século XIX e à preocupação em se viver, em todos os sentidos, segundo a natureza humana do Filho de Deus.

Com a decapitação do teólogo Thomas Müntzer, a 27 de maio de 1525, terminou a Guerra dos Camponeses, responsável pela morte de pelo menos cinco mil pessoas na região da Alemanha. Seus adeptos foram fortemente reprimidos seja nos Estados Católicos, Luteranos ou Calvinistas.

A CONTRA-REFORMA



"A situação da igreja católica, em meados do século XVI, era bastante difícil: ela perdera metade da Alemanha, toda a Inglaterra e os países escandinavos; estava em recuo na França, nos Países Baixos, na Áustria, na Boêmia e na Hungria. A Contra-Reforma, ou Reforma católica, foi uma barreira colocada pela Igreja contra a crescente onda do protestantismo.”


O avanço do Protestantismo, não só neste momento, levou a Igreja Romana a se reorganizar. Foi um movimento de reação ao protestantismo. A Igreja precisava se auto-reformar ou não sobreviveria, pois precisava, ainda, evitar que outras regiões virassem protestantes. Esse movimento de reforma interna já existia, mas é nesse momento que ele é aprofundado. Entre 1545 e 1563, foi convocado o CONCÍLIO DE TRENTO, pelo papa Paulo III (1534-1549) onde houve reafirmações e mudanças. O Concílio de Trento foi o mais longo da história da Igreja: é chamado Concílio da Contra-Reforma. Emitiu numerosos decretos disciplinares. O concílio especificou claramente as doutrinas católicas quanto à salvação, os sacramentos e o cânone bíblico, em oposição aos protestantes e estandardizou a missa através da igreja católica, abolindo largamente as variações locais. A nova missa estandardizada tornou-se conhecida como a "Missa Tridentina", com base no nome da cidade de Trento, onde o concílio teve lugar. Regula também as obrigações dos bispos e confirma a presença de Cristo na Eucaristia. São criados seminários como centros de formação sacerdotal e reconhece-se a superioridade do papa sobre a assembléia conciliar. É instituído o índice de livros proibidos Index Librorum Prohibitorum e reorganizada a Inquisição.

Eleito Papa em 13 de Outubro de 1534, procurou reformar a Igreja. Paulo III provou a criação da Companhia de Jesus de Inácio de Loyola em 1540. Convocou o Concílio de Trento em 1545. Excomungou Henrique VIII de Inglaterra, mas não conseguiu travar a Reforma Protestante. Concedeu a Inquisição em Portugal a D. João III. Lançou as bases da Contra-Reforma. Após a morte de Paulo III, assume o pontificado o papa Júlio III (1550-1555).

Em 1536 foi nomeado cardeal-bispo de Palestrina pelo Papa Paulo III, a quem serviu em importantes legações; ele foi o primeiro a presidir ao Concílio de Trento, abrindo a primeira sessão em Trento, em 13 de Dezembro de 1545, com uma breve oração. Durante o concílio, foi o líder do partido papal contra o imperador Carlos V, com quem entrou em conflito por variadas vezes, especialmente quando, em 26 de Março de 1547, transferiu o Concílio para Bolonha. Foi sucedido pelo papa Marcelo II (9 de abril de 1555 - 1 de maio de 1555), que faleceu provavelmente por causa de sua constituição débil e pela fadiga acumulada ao fim de 21 dias de pontificado. Essa nova eleição papal atrasou as reformas. Foi eleito para seu lugar o papa Paulo IV (1555-1559). Foi nomeado cardeal em 1536 e após o curtíssimo pontificado de Marcelo II, foi eleito papa em 23 de maio de 1555, apesar da decidida oposição dos cardeais do partido ligado ao imperador Carlos V. Mesmo com idade avançada, o papa, que assumiu o nome de Paulo IV, dedicou seus anos de governo, sobretudo à organização da Inquisição romana, fundada por Paulo III graças à sua sugestão, e à reconstrução administrativa e moral das altas hierarquias católicas.

Foi Papa de 25 de Dezembro de 1559, o papa Pio IV (1559-1565), sendo o 225º papa. Contaminado pelo nepotismo, mudou a política anti-imperial do Papa anterior, Paulo IV e conseguiu concluir o concílio de Trento (1562-1563) cujos decretos começaram a ser aplicados nos últimos dois anos de seu pontificado. Publicou um novo Índice de Livros Proibidos em 1564 e reformou o Sacro Colégio. A pedido do imperador, permitiu a Eucaristia sob as duas espécies a alemães, austríacos e húngaros em 1564 para frear o avanço do protestantismo. Fracassou porem esse seu intento no leste da Alemanha, França e Inglaterra, embora se abstivesse de excomungar a Rainha Elizabeth I. Condenou a Simonia.

O Concílio acabou sendo dividido em três períodos:

1º Período (1545-48) — Celebraram-se 10 sessões, promulgando-se os decretos sobre a Sagrada Escritura e tradição, o pecado original, a justificação e os sacramentos em geral e vários decretos de reforma;

2º Período (1551-52) — Celebraram-se 6 sessões, continuando a promulgar-se, simultaneamente, decretos de reforma e doutrinais ainda sobre sacramentos em geral, a eucaristia, a penitência, e a extrema-unção. A guerra entre Carlos V e os príncipes protestantes constituiu um perigo para os padres de Trento;

3º Período (1562-63) — Convocado pelo Papa Pio IV, foi presidido pelos legados cardeais Ercole Gonzaga, Seripando, Osio, Simonetta e Sittico. Estiveram ainda no concílio os cardeais Cristoforo Madruzzo, bispo de Trento e Carlos Guise. O Papa enviou os núncios Commendone e Delfino aos príncipes protestantes do império reunidos em Naumburgo, e Martinengo à Inglaterra para convidar os protestantes a virem ao concílio. Neste período realizaram-se 9 sessões, em que se promulgaram importantes decretos doutrinais, mas sobretudo decretos eficazes para a reforma da Igreja. Assinaram as suas actas 217 padres oriundos de 15 nações.

Os Papas da Contra-Reforma

  • Papa Paulo III
  • Papa Júlio II
  • Papa Marcelo II
  • Papa Paulo IV
  • Papa Pio IV

Eis as mais importantes resoluções vistas no Concílio de Trento:

- Esclarece a Doutrina;
- Conserva os sete Sacramentos e confirma os Dogmas;
- Afirma a presença real de Cristo na Eucaristia, a Transubstanciação;
- Inicia a redação de um Catecismo;
- Criação de Seminários para a formação de sacerdotes;
- Reafirma o Celibato, a veneração aos Santos e a Virgem;
- Aprova os Estatutos da Companhia de Jesus, criada antes do Concílio por Inácio de Loyola;
- Mantém o Latim como língua do Culto e tradução oficial das Sagradas Escrituras;
- Organizou a disciplina do clero: os padres deveriam estudar e formar-se em seminários. Não poderiam ser padres antes dos 25 anos, nem bispos antes dos 30 anos;
- Reafirmava a infalibilidade do papa e o dogma da Transubstanciação;
- Confirma como texto autêntico, a tradução de São Jerônimo, no século IV;
- Fortalece a Hierarquia e, portanto a unidade da Igreja Católica, ao afirmar a supremacia do Papa como “Pastor Universal de toda a Igreja”
- Revê a prática das Indulgências, condenando os abusos.
- Revê a Simonia
- Reorganizou o tribunal da Inquisição ou Santo Ofício, que fica encarregado de combater a Reforma;
- Criação do “Índex” (índice), encarregada da censura de obras impressas, lista de livros cuja leitura era proibida aos fiéis;

A T E N Ç Ã O

Essas deliberações vistas em Trento foi uma resposta às acusações de Lutero e demais protestantes. Muitos pontos foram reafirmados utilizando apenas a Bíblia para tal. Muitos se perguntam como eles refletiram sobre essas questões e como preparam a sua posição perante tais fatos.

Eis dois exemplos de como os bispos responderam a essas duas acusações:

-- Questionando a Transubstanciação: Essa questão diz respeito à presença real de Jesus na Eucaristia, na Hóstia e no Vinho sendo transformados em Corpo e Sangue de Jesus. Bem, o que os bispos assinalaram é o que está escrito nos Evangelhos, principalmente nos fatos ocorridos na última ceia, onde se lê: “Isto é o meu corpo (...). Isto é o meu sangue (...) fazei sempre isso em minha memória” (Mt 26, 26-28) E o que foi analisado é exatamente o sentido desses trechos, onde foi dito que o pão deixa de ser pão, da mesma forma que o vinho deixa de ser vinho. Há a transformação da substância. Assim, eles rebatem as definições de Lutero, que achava que ali havia pão e corpo misturados, vinho e sangue misturados (Consubstanciação); e também refutam a visão de Calvino, o qual afirmava que não muda as formas, e que em nossos corações saberíamos que era sangue e corpo.

-- Questionando os 7 Sacramentos: Essa questão diz respeito às críticas de Lutero e demais reformadores assinalando o Excesso de Sacramentos. Lutero assinala que apenas dois seriam necessários (Batismo e Ceia). Bem, o Concílio respondeu também utilizando as Escrituras, focando que os sete sacramentos foram instituídos por Jesus Cristo. Foi visto que durante a vida e obra de Jesus, ele foi assinalando cada um deles. Batismo: O próprio Jesus foi Batizado por João Batismo; Eucaristia: Jesus, na última ceia, a institui junto com seus discípulos. Confissão: Jesus assinala que a quem os discípulos perdoarem os pecados eles serão perdoados e a quem eles não perdoarem, eles serão retidos; Matrimônio: Jesus nasceu dentro de uma família, vivenciou e cresceu com seus pais e no episódio ocorrido nas Bodas de Caná da Galiléia, onde vemos a presença dele prestigiando a festa de casamento e vemos Jesus atendendo ao pedido de sua mãe para ajudar na questão do vinho. Ordem: Jesus foi o maior de todos os sacerdotes e ele escolheu doze pessoas para segui-lo, para aprenderem com ele seus ensinamentos e, após sua morte, continuaram essa missão; Crisma: É o Sacramento do Espírito Santo. Ele foi instituído no dia de Pentecostes, onde Jesus aparece em meio aos seus discípulos e “sopra sobre eles o Espírito Santo”; Unção dos Enfermos: Jesus curou muitas pessoas, tanto fisicamente quanto espiritualmente. E tais atos foram passados aos seus discípulos, os quais passaram a curar os doentes e a evangelizar aos pecadores.

Os séculos se passam...

As orientações do Concílio de Trento guiaram os católicos de todo o mundo durante 400 anos. Houve o Concílio Vaticano I (08/12/1869 - 20/10/1870), convocado pelo Papa PIO IX (1846-1878), mas que foi interrompido devido à Guerra Franco-Alemã que havia iniciado. As maiores mudanças começariam a acontecer apenas em 1962, quando o papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano II (11/10/1962 a 07/12/1965), para redefinir as posições da Igreja e adequá-la às necessidades e desafios do mundo contemporâneo.


A Igreja na Atualidade.


Já se sabe que, a partir do pontificado de João XXIII - Ângelo G. Roncalli (1958-1963) e de suas encíclicas “Mater et Magistra” e “Pacen in Terris”, a Igreja Católica passa a tomar sérias posições frente aos problemas do mundo contemporâneo. A partir daí, ela assumiu uma posição clara e definida: O Concílio Vaticano II, a encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI, e as reuniões do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) foram momentos marcantes, pois definiram o posicionamento da Igreja em face das atuais condições de vida. Vamos analisar algumas de suas declarações marcantes. No Brasil, ocorre a Criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, a 14 de outubro de 1952, uma das primeiras a se constituir.

1º CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO – CELAM  (1955)

A Primeira Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano realizou-se no Rio de Janeiro, de 25 de julho a 4 de agosto de 1955. A decisão mais importante desta conferência foi o pedido dirigido ao Papa Pio XII - Eugenio Giuseppe Maria Giovanni Pacelli (1939 -1958) para se criar um organismo que pudesse unir mais as forças da Igreja Católica na América Latina. Nasceu desta proposição o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). O Papa aprovou o pedido em 2 de novembro de 1955.

O CONCÍLIO VATICANO II (1962-1965)

Iniciado em 11 de outubro de 1962, ele perdura até 8 de dezembro de 1965. Ele foi o XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica Apostólica Romana. Ele foi criado visando  discutir as ações da Igreja nos tempos atuais. Na Homilia (sermão proferido durante as Missas)  de abertura do CVII aos padres conciliares, o Papa da época expõe sua intenção: “Procuremos apresentar aos homens de nosso tempo, íntegra e pura, a verdade de Deus de tal maneira que eles a possam compreender e a ela espontaneamente assentir. Pois somos Pastores...” (João XXIII, 1962).

Dentre as grandes decisões vistas nesse concilio, podemos citar: O culto em língua nacional (a Missa em Latim deixa de ser executada obrigatoriamente); à utilização dos meios de comunicação social (cinema, televisão, rádio, jornais...); liberdade de consciência; a criação das Pastorais; reformas litúrgicas; a ampliação dos leigos na vida da Igreja; nova codificação do Direito Canônico;  a definição de uma igreja democrática e ecumênica. O papa Paulo VI assume após a morte de João XXIII após a Primeira cessão do Concílio.

A CAMPANHA DA FRATERNIDADE (1963/1964)

Em 13 de dezembro de 1963, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) cria a “Campanha da Fraternidade - CF” com a missão de debater temas atuais e urgentes perante a sociedade. Seu objetivo é despertar a solidariedade dos seus fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução. A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser transformada, e um lema, que explicita em que direção se busca a transformação.  Nos primeiros anos da Campanha, a Igreja buscou trazer os fiéis para o interior das comunidades. Percebe-se isso amplamente ao ver os lemas usados:
  • CF 1964 – Lembre-se: Você também é a Igreja
  • CF 1965 – Faça de sua paróquia uma comunidade de fé, culto e amor.
  • CF 1966 – Somos Responsáveis uns pelos outros
  • CF 1967 – Somos todos iguais, somos todos irmãos
  • CF 1968 – Crer com as mãos
  • CF 1969 – Para o outro, o próximo é você!
  • CF 1970 – Ser Cristão é Participar
  • CF 1971 – Reconciliar
Tem como objetivos permanentes: despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho; renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na Evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária - todos devem evangelizar e sustentar a ação evangelizadora e libertadora da Igreja, daí o destino da coleta final: realização de projetos de caridade libertadora e manutenção da ação evangelizadora.

A CF foi passando a atingir, a cada ano, um problema determinado e urgente que precisa do esforço de ação pastoral conjunta no Brasil. Temas como Educação, Saúde, Questão Agrária, Reconciliação, Família, Crianças, Idosos, Água, Violência, Juventude, Meios de Comunicação, Trabalho, Fome, Desigualdade Social, Solidariedade e Paz foram destacados.

2º CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (1968)

O II Conselho Episcopal aconteceu em Medelin, Colômbia, em 1968, quando foi fixado o novo posicionamento da Igreja em face das condições socioeconômicas e político-religiosas da América Latina. Em documento episcopal foram analisadas as explosões demográficas, o analfabetismo, a má distribuição de riquezas – como a concentração da propriedade das  terras nas mãos de uma minoria –, a dependência ao capital estrangeiro e as tensões entre as classes e os países latino-americanos, bem como as tensões internacionais. O documento apontou a necessidade de promover uma radical modificação nas estruturas políticas, econômicas e sociais, devendo a Igreja comprometer-se nesse processo: assinalou a marginalização política do povo e as formas de opressão de grupos e de setores dominantes. Insistiu em que a Igreja devia se engajar na promoção de uma educação libertadora, na instauração de uma justiça e paz, na ajuda aos oprimidos para conhecer e lutar pelos seus direitos, e no estímulo a todas as iniciativas que contribuíssem para a formação do homem. Há a opção preferencial pelos pobres, envolvimento com os problemas político-sociais, uma educação conscientizadora, dentre outros.

3º CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (1979)

Continuando os trabalhos iniciados em Medelin, de 27 de janeiro a 13 de fevereiro de 1979, reúnem-se em Puebla, no México, a Terceira Confederação Geral do Episcopado Latino-Americano. Lá, as atenções da Igreja voltaram-se mais para os problemas sociais da América Latina, tais como: a pobreza, a fome, o analfabetismo, a dependência ao capital estrangeiro, a adoração ao lucro e, novamente, volta a criticar em termos políticos a marginalização popular. A linha de ação estava voltada para os pobres e para os jovens. Mais uma vez prevaleceu a ala progressista. Reafirmou-se a Teologia da Libertação com as propostas de mudanças profundas nas estruturas latino-americanas, em benefício da maioria, ou seja, dos pobres. Visa uma igreja Missionária, de Comunhão e Servidora. Através das Comunidades Eclesiais de Base (CEBEs), passa atuar nas paróquias e dioceses valorizando a participação ativa dos leigos.

Com a morte de Paulo VI – Giovanni B. Montini (1963-1978), o pontificado foi assumido por João Paulo I – Albino Luciani (26/08/1978 – 28/09/1978), o “papa do sorriso”, que morrera um mês após assumir. Seu sucessor foi um polonês, que se autodenominou João Paulo II – Karol Wojtiyla, em 16/10/1978, em homenagem ao papa anterior. Assumindo um caráter missionário, ele viajou por todo o mundo levando mensagens de paz e de conforto aos povos. Pôs fim ao enclausuramento da Cúria Romana.

Ele privilegiou, em suas encíclicas, a família. Ele possuía um caráter mais conservador, visa temas espirituais e disciplinadores, ataca o aborto, o divorcio, o relaxamento da moral, desestruturando o meio familiar. Apontou a aflição do homem diante da tortura, da fome e da guerra. Utiliza em mais demasia o termo “Doutrina Social da Igreja”, visando um olhar mais profundo as necessidades essenciais do ser humano (alimentação, casa...). Reafirma o Celibato, condena o controle da natalidade por meios artificiais, contra a participação de clérigos na política. Faz limitações à Teologia da Libertação**, inclusive punições impostas pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (ex-Santo Oficio) ao frei desviante Leonardo Boff. No dia 11 de outubro de 1992, o papa, após seis anos de trabalho na Cúria, apresenta o novo Catecismo da Igreja Católica visando uma catequese renovada nas fontes vivas da fé. Não se destina a substituir os catecismos locais, mas a encorajar e ajudar a redação de novos textos visando à unidade da fé e a fidelidade à doutrina católica.

4º CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (1992)

A quarta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano foi realizada em Santo Domingo (República Dominicana), em 1992. João Paulo II a convocou oficialmente no dia 12 de dezembro de 1990, estabelecendo como tema “Nova evangelização, Promoção humana, Cultura cristã”, sob o lema “Jesus Cristo ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8). O CELAM fora o encarregado de preparar a Conferência, tendo divulgado o Documento de Consulta em 1991. Este, após as contribuições das Igrejas locais, transformou no Documento de Trabalho, base das discussões dos bispos e convidados. Ela teria três objetivos: celebrar Jesus Cristo, ou seja, a fé e a mensagem do Senhor crucificado e ressuscitado; prosseguir e aprofundar as orientações de Medellín e Puebla; definir uma nova estratégia de evangelização para os próximos anos, respondendo aos desafios do tempo. Entre bispos, peritos e convidados participaram cerca de 350 pessoas. No desafio de implementar a Nova Evangelização, Santo Domingo enfatiza que a religiosidade popular é expressão privilegiada da inculturação da fé. Santo Domingo cita entre os desafios a serem enfrentados pela inculturação do Evangelho: a corrupção, a má distribuição de renda, as campanhas anti-natalistas, a deterioração da dignidade humana, o desrespeito à moral natural. Como linhas pastorais, incentiva trabalhar na formação cristã das consciências, zelar para que os meios de comunicação não manipulem nem sejam manipulados, a apresentar a vida moral como seguimento de Cristo, favorecer a formação permanente de clero e laicato, acompanhar pastoralmente os construtores da sociedade. Os bispos pedem ainda ações pastorais junto aos indígenas e aos afro-americanos.

A Teologia da Libertação à O termo libertação foi cunhado a partir das realidades culturais, sociais, econômicas e políticas sob as quais se encontrava a América Latina, a partir das décadas de 1960/70. Alguns teólogos deste período, católicos e protestantes, assumiram a libertação como paradigma de todo fazer teológico. Ela é uma teologia propriamente cristã; por isso, utiliza a Bíblia como pressuposto necessário de seus discursos. É baseada em ideais de amor e libertação de todas as formas de opressão (especialmente opressão econômica. Ela é analisada de três formas, os três P's: Profissional, pelos teólogos; Pastoral, nas igrejas e CEBs (Comunidades Eclesiais de Base); Popular, pelo povo oprimido no dia-dia.

A Morte de João Paulo II e o Conclave

Em 02 de abril de 2005, João Paulo II morre e, no dia 24 de abril, quem assume o Pontificado é o ex-cardeal alemão Joseph Ratzinger de 78 anos, com o nome de Bento XVI, seguindo a mesma linha de João Paulo II.

Com a morte do “papa peregrino”, vimos o mundo com muitas dúvidas a respeito da Doutrina Católica e os rumos do Cristianismo com o novo Pontífice. Questões foram levantadas, propostas novas e muitas críticas. Antes de o Conclave (termo que significa reunião fechada, onde todos estão fechados “com chave”) iniciar, os meios de comunicação diziam: “O novo papa terá que fazer isso...” ou “Ele terá que aceitar aquilo...” e, muitas das vezes, tais propostas e críticas não caberiam a ele decidir. Seria a modernidade do Catolicismo, com os grupos progressistas. Eis alguns exemplos: Aceitar o casamento Homossexual; Aceitar o aborto; Aceitar o fim da indissolubilidade do casamento; Aceitar a ordenação de mulheres; Aceitar o uso da camisinha e demais métodos anticoncepcionais; Aceitar pesquisas com embriões humanos em futuras pesquisas; Aceitar o fim do Celibato. O resultado dessas intensas pressões mostraria que o Papa jamais poderá ir de encontro à Bíblia, pois é a base da fé católica. Logo, as únicas coisas (das citadas a cima), que ele poderia alterar seria: a questão da ordenação feminina e o celibato, pois estão vinculadas as tradições da Igreja e não nas Escrituras. Vemos ainda o grupo “regressista”, considerado mais conservador dentro da igreja. Outro ponto é a perda de fiéis perante os grupos neopentecostais e doutrinas protestantes.

5º CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (2007)
  • A Vinda de Bento XVI ao Brasil
A visita do papa Bento XVI ao Brasil, ocorrida no período de 9 a 13 de maio de 2007, foi motivada por algumas circunstâncias. Dentre elas está a canonização de Frei Antônio de Santana Galvão, que ocorreu no dia 11 de maio de 2007, em São Paulo. Outro compromisso foi a participação em um Encontro com os Jovens no Estádio Municipal do Pacaembu e um encontro com os Bispos do Brasil na Catedral da Sé, em São Paulo, no dia 10. O grande motivo foi a Sessão Inaugural dos trabalhos da V CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO E DO CARIBE, no Santuário de Aparecida/SP, que aconteceu de 13 a 31 de maio.

O tema da Quinta Conferência foi: “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida”, inspirado na passagem do Evangelho de João que narra “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). A Conferência foi convocada pelo Papa João Paulo II e confirmada pelo Papa Bento XVI.

A conferência buscou compilar as novas propostas de evangelização para a América Latina, novas frentes de trabalho, novos campos de ação e metidos. Muitos documentos importantes foram escritos durante a Conferência.  O papa celebrou Missas, teve ainda um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (foto), onde assinalou a importância do retorno do ensino religioso, condenou a legalização do aborto, enfatizando que o cristianismo prega a vida e não a morte.

Sua vinda ao Brasil também foi uma forma de animar os fiéis brasileiros, pois é visto que, a cada ano, cerca de 1% dos católicos deixam a religião, desde 1992. O país mais católico do mundo estaria passando por um momento de turbulência, dizem alguns especialistas.



Significados Importantes




Você sabe o que significa Cabildo? Sínodo? Concistório? Qual as funções do Papa? Quem é Monsenhor, o Vigário Episcopal, o Abade?

PAPA –
Bispo de Roma e sucessor de Pedro (Mt 16, 18-19). É o chefe de toda a Igreja. Está acima de todos os bispos (Apóstolos). Ele legisla para toda a Igreja através de Bulas, Encíclicas e Decretais. Jesus fez de Pedro o fundamento visível da Igreja, entregou as chaves. O bispo de Roma, sucessor de Pedro é a cabeça do colégio dos bispos, Vigário de Cristo na Terra, é o Pastor da Igreja Universal. Assim, ele possui três funções: é chefe de Estado (Vaticano), é bispo de Roma e Chefe da Igreja.

CARDEAIS – São bispos que fazem parte, desde 1059, com o papa francês Nicolau II (1059-1061), de um colegiado (Prelados do Sacro Colégio Pontifício), os quais têm a função, desde 1274, no Concílio de Lyon II, de elegerem o novo Papa. Eles se reúnem em um conclave (nome da eleição papal) e é necessário que se tenha 2/3 de aprovação para que esta eleição seja aceita e validada. Os Cardeais possuem cargos na cúria desde o final do século III e início do IV.

ABADE – Superior de um Mosteiro, que é visto como o pai da comunidade. Se o mosteiro for feminino, a responsável se chama Abadesa.

ARCEBISPOS – São bispos que possuem a missão de serem chefes espirituais e de jurisdição da Arquidiocese (abrange todas as dioceses da região). A Arquidiocese é a Diocese do Arcebispo.

BISPOS – É a maior autoridade na sua circuncisão eclesiástica, dita Diocese ou Bispado. Tem como investiduras o Anel (simbolizando seu casamento com a Igreja, sua Diocese) e o Báculo (simbolizando o pastor de sua Diocese). Os bispos são sucessores dos Apóstolos como pastores da Igreja, mensageiros do Evangelho de Cristo. Também são chamados de Sufragâneos.

PRESBÍTERO – Padre.

CONSCISTÓRIO – Reunião de Cardeais.

SÍNODO – Assembléia de Bispos de uma Província.

PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA – Conjunto de Dioceses. Quem a governa, a preside é o bispo mais importante: o Metropolita, que, a partir de 1301, passa a se chamar Arcebispo. Arquidiocese à Diocese à Vicariatos à Regiões ou Foranias à Paróquias à Capelas.

MADRE SUPERIORA – Superior de um Convento.

PADRES FOÂNEOS – Título dado pelo bispo a um grupo de padres dentro de um Vicariato. As foranias são regiões dentro dos Vicariatos.

VIGÁRIO EPISCOPAL – É um presbítero colaborador do Bispo.

CÔNEGO – São Presbíteros que fazem parte de um “colegiado”, os quais tinham a função de eleger o novo bispo e assessorá-lo e caso acontecesse um impasse, quem escolhia era o Papa. Essa função perdura do século XII ao XVI. Atualmente eles são um conselho do Bispo na Catedral.

CABILDO – Conjunto de Cônegos em uma Catedral.

MONSENHOR – Título dado pelo Papa a pedido do Bispo a um padre ou a um Cônego.

CATÓLICO - Adjetivo grego que significa “Universal”. Esse termo é usado a partir do Concílio de Trento (1545 - 1563) para designar a Igreja Romana em oposição às Igrejas da Reforma. Antes, o termo utilizado era Cristandade.

LEIGOS – São todos os cristãos, exceto os membros da Sagrada Ordem ou estado religioso reconhecido pela Igreja Católica, isto é, os fiéis que, incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos no povo de Deus e a seu modo feitos participantes da função sacerdotal, profética e régia de Cristo, exercem, no seu âmbito a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo. O papa, os bispos, padres e leigos... São todos Igreja.


Você sabe o que é Hagiografia?

 

 
Olá, saudações!

Esse breve artigo visa esclarecer um pouco mais um muito importante em nossa Igreja. Muitas vezes nos utilizamos de estudos hagiográficos e nem nos damos conta disso. Mas o que seria a Hagiografia?

O termo hagiografia é de origem grega (hagios - santo; grafia - escrita). Hagiografia seria como uma “biografia”, que consiste na descrição da vida – milagres – morte – canonização – culto de algum santo, beato, virgem, um abade ou demais servos de Deus proclamados por algumas igrejas cristãs, devido a sua vida e pela prática de virtudes cristãs. É o ramo da História da Igreja dedicado à vida e culto dos santos. Também esse estudo é visto em outras religiões como Budismo e Islamismo, acerca de homens e mulheres cujas biografias interessam ao culto ou à crença dos mesmos.         

Quem nunca buscou um bom livro sobre a vida dos santos ou daquele de devoção? Quem fez pesquisas em busca da história de vida deste ou daquele santo, para conhecê-lo ou divulgá-lo, com certeza utilizou textos hagiográficos.

Historicamente, podemos situar o uso desse termo a partir do século XVII, quando foi iniciado sistematicamente o estudo sobre os santos, sua vida e culto. Todavia, esse tipo de estudo é muito anterior. Esse tipo de literatura tem início ainda na Antiga Igreja (30-313), quando, a partir de documentos oficiais romanos ou do relato de testemunhas oculares, eram registrados os suplícios dos mártires da Igreja Primitiva. Alguns desses escritos eram trocados pelas comunidades cristãs visando divulgar as ações e a vida dessas pessoas. Ao longo da Idade Média (476-1453) foi consolidada e ampliada, com a expansão do cristianismo e a difusão do culto aos santos. A partir do século XVII foi amplamente divulgada e aprofundada.

Podemos considerar como textos hagiográficos os martirológios e necrológios (catálogos contendo a forma e a data de morte), revelações (aparições, visões, sonhos ou escritos inspirados), vidas dos santos, tratados de milagres, processos de canonização, relatos de trasladação, além de lendas e tradições.

Poucas vezes vemos os santos como autores de tais textos biográficos.  Assim, o autor ou autores da obra buscam realçar os grandes escritos, as supostas qualidades extraordinárias da pessoa, a vivência da fé, possíveis milagres e as suas grandes obras.

Existem livros muitos conhecidos, os quais assinalam a vida dos Santos, tais como:
  • “Legenda Áurea – Vida de Santos”, do autor:  Jacopo de Varazze (1226-1298)
Livro foi escrito no século XIII, um clássico da literatura religiosa que alcançou muita popularidade ao longo dos séculos. O objetivo imediato do autor era fornecer aos frades da época, um bom material para a elaboração de sermões, de modo a proporcionar uma pregação mais eficiente. A coletânea conheceu enorme sucesso na Idade Média e se tornou referência nos estudos religiosos. Juntamente com a Bíblia, ele serviu de fonte para pinturas e desenhos sacros. No livro, vemos a história dos Apóstolos e de mais de 140 santos, como Santo Antônio, Francisco de Assis, São João Batista e São Sebastião.
  • “O Livro dos Mártires”,  do autor Jonh Foxe (1517-1587)
A primeira edição deste livro foi publicada em 1559, em latim. Após a entronização da protestante rainha Elizabeth, Foxe voltou à Inglaterra. A tradução inglesa do seu livro foi editada em 1563, sob o título The Actes and Monuments of These Latter and Perilous Dayes. Ficou conhecido popularmente como o Livro dos Mártires, título que permaneceu ao longo dos séculos. O livro reconta as vidas, os sofrimentos, e as mortes triunfantes dos mártires cristãos da história. Ele assinala o a vida e martírio de Jesus, de alguns Apóstolos, de  líderes de heresias medievais e de membros da chamada Reforma Protestante... O texto possui a estrutura hagiográfica, contudo, grande parte de seu conteúdo é questionado pela Igreja Católica Romana. O Livro dos Mártires moldou por séculos a consciência religiosa da Inglaterra.

Conclui-se que a maior finalidade dos textos hagiográficos é pedagógica, ou seja, ensinar e edificar os cristãos na fé. Também  divulgam os ensinamentos oficiais da Igreja, mostrando manifestações divinas, os valores e virtudes cristãs no exemplo de vida dessas pessoas, propagando seus feitos a todos aqueles que possam ser espelhados por eles. Tais escritos ampliam o culto aos santos e faz com que mais e mais pessoas passem a aprofundar sua Fé, crer mais no poder de Deus e também de participar de Templos e Mosteiros que os têm como padroeiros, por exemplo.



Jesus realmente existiu?     


  • O jesus Historico

Esse breve artigo tem como objetivo trazer algumas indicações sobre a existência histórica de Jesus. Espero que esse texto possa ajudar a você, caro leitor, respondendo possíveis dúvidas e instigando futuras pesquisas para ampliar o seu conhecimento sobre esse tema.

Em pleno século XXI uma simples pergunta ainda é muito debatida: Jesus de Nazaré realmente existiu? Estamos falando de sua figura histórica, a própria pessoa de Jesus. Para a religião cristã, Jesus é filho de Deus, é 100% Deus e 100% homem, é o Messias. Cristo é o nome título dado pelos cristãos gregos a Jesus de Nazaré. A palavra "Cristo" (em grego Χριστός (Christós), ou seja, "Ungido") é uma tradução literal de Messias (mashiach). Esse é o Jesus Teológico. Contudo, para a historiografia, esses adjetivos não são os pontos que podem responder essa questão. O Jesus em questão é o que nasceu, viveu e morreu na Palestina, concretamente, num determinado período histórico.

- Quem é o Jesus Histórico?

O Jesus histórico é Jesus de Nazaré reconstruído pelos historiadores através do método histórico. Este método usa a alta crítica para analisar os textos evangélicos, principal fonte para a biografia de Jesus, juntamente com textos fontes não canônicos para reconstruir o contexto histórico do primeiro século. Assim, o Jesus que a historiografia busca estudar é a pessoa de Jesus, homem nascido em Nazaré, filho de um carpinteiro, que viveu no século I, atraindo um pequeno grupo de galileus e, após um período de ministério, foi crucificado pelos romanos na Palestina durante o governo de Pôncio Pilatos. Ele realmente existiu? Existem fontes, além da Bíblia, que comprovam sua existência? Ou ele foi um mito criado?

Atualmente vemos inúmeras revistas, filmes, livros que tentam desmistificar o homem Jesus e há aqueles que também buscam comprovar a não existência de Jesus Cristo. Para termos certeza se uma pessoa é um personagem histórico é necessário saber se ele realmente existiu, se há informações seguras sobre essa pessoa e se eventualmente podemos lhe atribuir certos escritos ou palavras.

- As Fontes

Bem, um dos maiores obstáculos para estudarmos a vida de Jesus são as poucas fontes que a historiografia dispõe. A Bíblia, com certeza, é uma preciosa fonte de pesquisa, já que nela encontramos textos que retratam a vida e a caminhada de Jesus, além de registros posteriores a sua morte (Atos dos Apóstolos, Apocalipse e as Epístolas). Mas além da Bíblia, existem outras fontes?

De acordo com a historiadora Eliane Moura Silva, da Unicamp, os fatos da vida de Cristo são relatados de passagem em alguns textos antigos, como a Vida dos Judeus, de Flávio Josefo, que viveu entre os anos 37 d.C. e 103 d.C., porém de forma pontual e não muito extensiva. Segundo ela, há estudos que revelam ser verdadeiras muitas das referências históricas contidas nos Evangelhos do Novo Testamento, que tratam da vida de Cristo, mas que também foram escritos posteriormente. “Trata-se de período conhecido da história do Império Romano, embora a Judéia [onde Jesus viveu] não fosse a principal preocupação nem a província romana mais importante na época”, afirma.

“O testemunho transmitido por tradição oral nos primeiros séculos têm um peso decisivo, que não pode ser descartado”, pondera Susin, da PUC-RS. Mas Veitch, em The birth of Jesus: history or myth, afirma que Jesus foi basicamente um bom judeu que fez o melhor de si para apresentar Deus a seus contemporâneos, e teria sido Saulo de Tarso – que ficou conhecido posteriormente como Paulo – o responsável pela disseminação do cristianismo e pela divinização de Jesus. O historiador André Chevitarese, da UFRJ, explica: “Foi o grupo que catequizou Paulo que colocou a ressurreição como elemento central da cristandade de Jesus. E Paulo, um judeu helenizado, que falava grego e vivia em cidades, soube dialogar com outras culturas não judaicas, disseminando o cristianismo”.

Eis algumas importantes fontes sobre Jesus e os primeiros cristãos:

Flávio Josefo (37-100 d.C.).

O historiador Josefo que viveu ainda no primeiro século, nascido em Jerusalém (nasceu no ano 37 ou 38,  conheceu a primitiva comunidade cristã e, como pertencente à nobreza sacerdotal judaica, ocupou-se criticamente dos seguidores de Jesus.  Também participou da guerra contra os romanos no ano 70, escreveu em seu livro Antiguidades Judaicas:

- "(O sumo sacerdote) Hanan reúne o Sinedrim em conselho judiciário e faz comparecer perante ele o irmão de Jesus cognominado Cristo (Tiago era o nome dele) com alguns outros" (Flavio Josefo, Antiguidades Judaicas, XX, p.1, apud Suma Católica contra os sem Deus, dirigida por Ivan Kologrivof. Ed José Olympio, Rio de Janeiro 1939, p. 254).

- "Foi naquele tempo (por ocasião da sublevação contra Pilatos que queria servir-se do tesouro do Templo para aduzir a Jerusalém a água de um manancial longínquo), que apareceu Jesus, homem sábio, se é que, falando dele, podemos usar este termo -- homem. Pois ele fez coisas maravilhosas, e, para os que aceitam a verdade com prazer, foi um mestre. Atraiu a si muitos judeus, e também muitos gregos. Foi ele o Messias esperado; e quando Pilatos, por denúncia dos notáveis de nossa nação, o condenou a ser crucificado, os que antes o haviam amado durante a vida persistiram nesse amor, pois Ele lhes apareceu vivo de novo no terceiro dia, tal como haviam predito os divinos profetas, que tinham predito também outras coisas maravilhosas a respeito dele; e a espécie de gente que tira dele o nome de cristãos subsiste ainda em nossos dias". (Flávio Josefo, História dos Hebreus, Antiguidades Judaicas, XVIII, III, 3 , ed. cit. p. 254). (1, pg. 311 e 3).

Tácito (56-120 d.C.)

Tácito, historiador romano, também fala de Jesus.

"Para destruir o boato (que o acusava do incêndio de Roma), Nero supôs culpados e infringiu tormentos requintadíssimos àqueles cujas abominações os faziam detestar, e a quem a multidão chamava cristãos. Este nome lhes vem de Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara ao suplício. Reprimida incontinenti, essa detestável superstição repontava de novo, não mais somente na Judéia, onde nascera o mal, mas anda em Roma, pra onde tudo quanto há de horroroso e de vergonhoso no mundo aflui e acha numerosa clientela" (Tácito, Anais , XV, 44 trad.) (1 pg. 311; 3)

Suetônio (69-122 d.C.)

Suetônio, na Vida dos Doze Césares, publicada nos anos 119-122, diz que o imperador Cláudio:
 "expulsou os judeus de Roma, tornados sob o impulso de Chrestos, uma causa de desordem"; e, na vida de Nero, que sucedeu a Cláudio, acrescenta: "Os cristãos, espécie de gente dada a uma superstição nova e perigosa, foram destinados ao suplício" (Suetônio, Vida dos doze Césares, n. 25, apud Suma Católica contra os sem Deus, p. 256-257). (1 pg. 311; 3)

Plínio o Moço (61-114 d.C.)

Plínio, o moço, em carta ao imperador Trajano (Epist. lib. X, 96), nos anos 111 - 113, pede instrução a respeito dos cristãos, que se reuniam de manhã para cantar louvores a Cristo. (4, pg. 106).

Em sua carta explica: "É meu costume, meu senhor, referir a ti tudo aquilo acerca do qual tenho dúvidas... Nunca presenciei a julgamento contra os cristãos... Eles admitem que toda sua culpa ou erro consiste nisso: que usam se reunir num dia marcado antes da alvorada, para cantar hino a Cristo como Deus... Parecia-me um caso sobre o qual devo te consultar, sobretudo pelo número dos acusados... De fato, muitos de toda idade, condição e sexo, são chamados em juízo e o serão. O contágio desta superstição invadiu não somente as cidades, mas também o interior; parece-me que ainda se possa fazer alguma coisa para parar e corrigir... " (Ep. X, 96).

Tertuliano (155-220 d.C.)

Escritor latino. Seus escritos constituem importantes documentos para a compreensão dos primeiros séculos do cristianismo.

Ele escreveu: "Portanto, naqueles dias em que o nome cristão começou a se tornar conhecido no mundo, Tibério, tendo ele mesmo recebido informações sobre a verdade da divindade de Cristo, trouxe a questão perante o Senado, tendo já se decidido a favor de Cristo...".

Os Talmudes Judeus:

A tradição judaica recolhe também notícias acerca de Jesus. Assim, no Talmude de Jerusalém e no da Babilônia incluem-se dados que, evidentemente, contradizem a visão cristã, mas que confirmam a existência histórica de Jesus de Nazaré.

- O Agente Histórico

Segundo o historiador Paulo Vendelino Kons, Jesus viveu e atuou na Palestina, pequena faixa de terra com área de 20 mil quilômetros quadrados, dividida de alto a baixo por uma cadeia de montanhas. A cidade de Jerusalém contava com aproximadamente 50 mil habitantes. Por ocasião das grandes festas religiosas, chegava a receber 180 mil peregrinos. A economia centrava-se na agricultura, pecuária, pesca e artesanato. O poder efetivo sobre a região estava nas mãos dos romanos, que respeitavam a autonomia interna das regiões dominadas. O centro do poder político interno localizava-se no Templo de Jerusalém. Assessorado por 71 membros do Sinédrio (tribunal criminal, político e religioso), o sumo sacerdote exercia grande influência sobre os judeus, mesmo os que viviam fora da Palestina. Para o Templo e as sinagogas convergia a vida dos judeus. E foi nesta realidade que Jesus apareceu na História dessa região.

Um vilarejo de trabalhadores rurais numa encosta de serra com, no máximo, 400 habitantes. Segundo os arqueólogos, essa era a cidade de Nazaré no tempo de Jesus. De tão pequena, a vila praticamente não é citada nos documentos da época. "As escavações arqueológicas na cidade não encontraram nenhuma construção importante que datasse do tempo de Jesus", diz o historiador John Dominic Crossan. "Em compensação, foram encontradas pequenas prensas de azeitonas para a fabricação de azeite, prensas de uvas para vinho, cisternas de água, porões para armazenar grãos e outros indícios de uma vida agrária de subsistência."

A residência em que Jesus cresceu devia ter chão de terra batida, teto de estrados de madeira cobertos com palha e muros de pedras empilhadas com barro, lama ou até uma mistura de esterco e palha para fazer o isolamento. Ao entrar na casa, talvez alguém lhe oferecesse água tirada de uma cisterna servida num dos muitos vasilhames de pedra e barro achados pelos arqueólogos na região – a água era preciosa, já que a chuva era escassa. Para comer, havia pão, azeitona, azeite e vinho e um pouco de lentilhas refogadas com alguns outros vegetais sazonais, servido às vezes no pão (que você deve conhecer como pão árabe). Com sorte, nozes, frutas, queijo e iogurte eram complementos bem-vindos, além de um peixe salgado vez ou outra. Segundo os arqueólogos, a carne era rara, reservada apenas para celebrações especiais.

Jesus foi um rabi (palavra que significa professor, mestre) do primeiro século, cujo nome Hebreu foi Yehoshua. O seu pai foi um carpinteiro chamado José e o nome da sua mãe era Maria.Era de uma família humilde. Maria engravidou antes de ter casado com José. Jesus nasceu num estábulo em Belém durante um censo Romano. Jesus cresceu em Nazaré e tornou-se um rabi erudito. Viajou por todo o Israel pregando que as pessoas se deviam amar. Algumas pessoas pensaram que ele era o Messias e ele não negou isso, o que deixou os outros rabis muito zangados. Ele causou tanta controvérsia que o Governador Romano Pôncio Pilatos o mandou crucificar. Foi enterrado num túmulo, e mais tarde o seu corpo foi dado como desaparecido, dado que provavelmente teria sido roubado pelos seus discípulos.

"Como esse é um campo cheio de fé e paixões, a busca do Jesus histórico sempre foi um desafio", diz André Chevitarese, um dos maiores especialistas sobre o tema no país. "Enquanto um religioso conservador ressalta a dimensão espiritual da figura de Jesus, um teólogo da libertação vai buscar nele sua atuação como um revolucionário político."

Mesmo que a diversidade de visões de Jesus seja proporcional ao número de igrejas, correntes e seitas que existem em seu nome, historiadores e arqueólogos estão conseguindo reconstituir como era o mundo em que ele vivia: um retrato fascinante da política, da religião, da economia, da arquitetura e dos hábitos cotidianos que devem ter moldado a vida de um homem bem diferente daquele retratado pelas imagens renascentistas que povoam a imaginação da maioria dos cristãos. A começar pela aparência. Normalmente vemos imagens, pinturas e retratos mostrando Jesus com cabelos grandes e encaracolados, pele clara, formosa aparência física e olhos azuis ou castanhos. Essa era a visão de perfeição dos artistas do período da Renascença (século XVI e XVII). Contudo, baseados no estudo de crânios de judeus que viviam na região na época, os pesquisadores dizem que a fisionomia de Jesus deveria ser mais próxima da de um árabe moderno.

A escolaridade de Jesus é outra questão muito discutida pelos estudiosos. Para muitos, ele era analfabeto. "Somente uma ínfima parcela da população que trabalhava para os governantes sabia ler e escrever", diz Richard Horsley. "Não acredito que ele fizesse parte dessa parcela." Então, como explicar o trecho do evangelho que o retrata lendo numa sinagoga? "A palavra ler no evangelho pode significar recitar", diz Horsley. Juan Arias, autor do livro Jesus, Esse Grande Desconhecido, discorda. "Apesar de ter vindo de uma família muito pobre, é difícil imaginar que as discussões polêmicas que ele teve com seus contemporâneos possam ter sido feitas por um homem que não sabia ler", diz Arias. Mesmo que não tenha sido analfabeto, o judeu pobre da Galiléia não deve ter chamado a atenção da elite intelectual que vivia na época. A não ser, talvez, pelos tumultos que ele deve ter causado quando resolveu pregar diretamente na cidade de Jerusalém.

- Entre a Cruz e a História

Jesus foi um revolucionário, podemos até dizer. Ele lutava contra as injustiças e viu as misérias e os sofrimentos da população da época. Também conviveu com os fortes preconceitos em relação às mulheres, samaritanos e pelos leprosos. Deparou-se com a forte repressão romana sobre os judeus e com os embates de grupos revoltosos. Questionou a corrupção e tentou rever alguns costumes judaicos. Foi nesse contexto histórico que Jesus viveu, sendo ele um fator de mudança. Ele falava com as pessoas, tinha atitudes nobres e era um exímio questionador. Não pregou o uso da violência, mas fazia com que os sacerdotes e as demais autoridades da região fossem questionados por suas atitudes e por seu mau exemplo.

Sobre a Crucificação vemos alguns fatos novos. "Uma revelação surpreendente sobre a morte na cruz não surgiu da descoberta de esqueletos, mas da falta deles", diz Pedro Lima Vasconcellos, da PUC de São Paulo. "Afinal, se centenas e até milhares de pessoas foram crucificadas na época, por que apenas um esqueleto foi encontrado?" O historiador John Dominic Crossan diz que há uma razão terrível para isso: "As 3 penas romanas supremas eram morrer na cruz, no fogo e entregue às feras", diz Crossan. "O que as tornava supremas não era a sua crueldade desumana ou sua desonra pública, mas o fato de que não podia restar nada para ser enterrado no final." No caso da crucificação, o corpo era exposto aos abutres e aos cães comedores de carniça. Como um ato de terrorismo de Estado, a extinção do cadáver também tinha como vantagem para as autoridades evitar que o túmulo do condenado se tornasse local de culto e resistência.

A história de vida de Jesus termina com sua morte. A partir daí veremos entrar a idéia do Jesus teológico, no que diz respeito a sua ressurreição, os seus milagres e ascensão. Mas, a ressurreição é uma questão de fé e não de História. Assim, a História não tem o comprometimento de atuar nesse sentido, todavia, ela comprova a existência do Jesus de Nazaré, morto na cruz por seus ideais de mudança, os quais incomodaram por demais romanos e autoridades judaicas. Foi crucificado, assim como qualquer outro criminoso, entretanto seu crime foi denunciar injustiças e anunciar suas idéias.
E Yeshua, o judeu pobre que morreu praticamente despercebido durante a Páscoa em Jerusalém, foi cada vez mais reconhecido e divulgado por seus seguidores e até hoje sua história de vida é exemplo para muitos, mesmo para aqueles que não a seguem.
Fontes:
- http://www.comciencia.br/reportagens/2005/05/04.shtml
- http://super.abril.com.br/superarquivo/2006/conteudo_199569.shtml
- http://super.abril.com.br/superarquivo/2006/conteudo_480634.shtml
- A Bíblia de Jerusalém. (1998). São Paulo: Ed. Paulinas
- Flávio Josefo: uma testemunha no tempo dos apóstolos; (tradução I. F. Leal Ferreira). - São Paulo: Paulus,1986.
- CHEVITARESE, André L., ARGÔLO, Paula F. & RIBEIRO, Raphaela S. (orgs.) Sociedade e Religião na Antigüidade Oriental. Rio de Janeiro: Fábrica de Livros / SENAI, 112-29.
- CHEVITARESE, André L., CORNELLI, Gabriele & SELVATICI, Monica. (orgs.) Jesus de Nazaré: Uma Outra História. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2006.
- CROSSAN, Jonh D. O Jesus Histórico: a vida de um camponês judeu no Mediterrâneo. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1994.



A Hierarquia da Igreja Católica

 


Olá, saudações.

Esse artigo tem como objetivo trazer informações sobre um ponto que, muitas vezes, não são explicados de modo fácil para a comunidade de fiéis seguidores da fé católica.

Todos sabem que a Igreja possui servos com atribuições definidas, sendo chamados de Clérigos e Leigos.

Bem, a Igreja primitiva sempre teve como base a função principal do Bispo (representando os apóstolos), que auxiliado pelos Presbíteros (padres) e Diáconos levam a mensagem de Deus.

No artigo anterior, havia assinalado as atribuições de cada um deles, mas faltou mostrar a forma que eles se apresentam na Hierarquia.

OBS: Lembro que, estar mais acima não assinala ser “superior”, mas é a função que exerce maior responsabilidade, ok?
 
 
 
 
 
Como é feita a Eleição Papal?



 
Acredito que muitos leitores devam lembrar-se da última eleição papal ocorrida no ano de 2005, com o anúncio do novo sumo pontífice, o papa Bento XVI. Mas será que sabemos a origem dessa eleição? Será que entendemos o porquê do seu nome ser Conclave?

Esse é mais um importante tema sobre a História da Igreja Católica, onde podemos entender como se dá a escolha do sucessor do Apóstolo Pedro.

Aspectos Gerais          

Primeiramente lembro que o Papa é bispo de Roma e sucessor de Pedro (Mt 16, 18-19). É o chefe de toda a Igreja Católica Apostólica Romana. Está acima de todos os bispos (Apóstolos). Ele legisla para toda a Igreja através de Bulas, Encíclicas e Decretais. Jesus de Nazaré, segundo a Bíblia,  fez de Pedro o fundamento visível da Igreja, entregou as ”chaves”. Assim, o bispo de Roma, sucessor de Pedro é a cabeça do colégio dos bispos, Vigário de Cristo na Terra, é o Pastor da Igreja Universal. Ele possui três funções: é chefe de Estado (Vaticano), é bispo de Roma e Chefe da Igreja.

Os cardeais são bispos que fazem parte, desde 1059, com o papa francês Nicolau II (1059-1061), de um colegiado (Prelados do Sacro Colégio Pontifício), os quais têm a função, desde 1274, no Concílio de Lyon II, de elegerem o novo Papa.

Lembro que a Idade Média não pode ser estudada sem que o pesquisador situe no tempo e espaço o alvo de sua pesquisa, contudo, podemos entender de maneira mais ampla que, durante o período medieval, houve uma disputa entre: o poder temporal (dos reis) e o poder espiritual (dos papas).

Sabemos que durante a Idade Média, a Europa Ocidental ficou sob o domínio de grupos germânicos, conhecidos erradamente por “bárbaros” e por muçulmanos. O território ficou subdividido em muitos reinos e o poder foi ficando atomizado (poder local forte).  Assim, muitos desses reis tinham forte influência na política local e, por conseguinte, nas questões religiosas. A História nos traz vários exemplos de reis que agiram dessa forma: Imperador Honório (418 d.C.), rei Odoacro (483 d.C.), rei Teodorico (498 d.C.), dentre outros.
           
Essa querela teve diferentes desfechos dependendo da época e da localidade, mas uma coisa era muito comum: reis queriam intervir na escolhas dos bispos e demais cargos religiosos. Interferiam querendo eles mesmos eleger tais cargos, ou queria que seus filhos ou seus subordinados fizessem parte desse colegiado. Sabemos que a cidade de Roma teve alguns papas (bispo de Roma) sendo eleitos dessa forma.

Como ocorre o conclave?

Esta palavra (Conclave) aparece pela primeira vez num documento do papa Gregório X (1271-1276), no II Concílio de Lion, Julho de 1274. O título do documento era •Ubi periculum.• (Quando houver algum perigo). Tentando diminuir tal interferência de pessoas estranhas, ele ordenou que os cardeais fossem fechados na sala com chave – “Conclave”. E tem sido assim desde então.

A votação se inicia imediatamente depois que todos os cardeais eleitores - os que têm menos de 80 anos - entram na Capela Sistina, no Vaticano. Caso ninguém seja apontado por ao menos dois terços dos membros votantes do colégio cardinalício, nos dias seguintes ocorrem duas votações de manhã e outras duas à tarde. Os cardeais são mantidos em total isolamento do mundo exterior: não podem usar telefone, receber jornais, ver televisão, dentre outros.

Eles se reúnem e é necessário que se tenha 2/3 de aprovação para que esta eleição seja aceita e validada.

Após três dias de votações sem resultado, ocorre uma suspensão de um dia para uma “pausa de oração”. Em seguida, as votações voltam a ser realizadas e, se ainda assim o pontífice não for escolhido, será efetuado outro intervalo, seguido por sete tentativas.

Enquanto a decisão ainda não foi tomada, as cédulas de votação são queimadas numa lareira junto com palha úmida, produzindo no Vaticano uma fumaça preta que indica que o processo continua em andamento. A fumaça branca, produzida coma a queima apenas das cédulas, indica que o novo papa foi escolhido.

O eleito é oficialmente perguntado se aceita ou não a eleição. Caso a aceite, se quiser, escolhe um novo nome.

A tradição de os Papas adotarem um novo nome data de 533, quando um padre chamado Mercúrio foi eleito bispo de Roma. Por achar que Mercúrio era um nome pagão demais para um Papa, adotou João II. Até então os Papas eram simplesmente chamados por seu nome de batismo. Lembro ainda que foi o papa João Paulo, em 1978, o primeiro a utilizar um duplo nome. Por ser um grande amigo e admirador, o seu sucessor, continuou esse procedimento, assumindo como João Paulo II.

Procede-se depois a uma curta procissão até uma janela da Basílica de S. Pedro que dê para a Praça, onde o novo Sumo Pontífice é revelado e faz a sua primeira bênção: Urbi et Orbi. Minutos antes, o cardeal mais velho anunciará o que é esperado: Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam (Anuncio-vos uma grande alegria: Temos Papa), dando o nome de batismo e o nome adotado pelo novo papa.

Após esse momento, os sinos da Basílica de São Pedro começam a soar, e a seguir os das igrejas de todo o mundo.

 Abaixo, podemos observar tal vestuário no dia da eleição dos últimos cinco papas:



No ultimo Conclave realizado em 2005, o Brasil, com oito cardeais, foi, junto com a Alemanha, o quarto maior país em representação no Colégio de Cardiais em Roma. Em primeiro lugar está a Itália, com 40, à frente de Estados Unidos, com 14, e Espanha, com 9. O Colégio contou com 164 cardeais.

Por continentes, a Europa continua dominando o colégio (101 cardeais), à frente de América Latina (29 cardeais),  América do Norte (23 cardeais), África (18 cardeais), Ásia (18 cardeais) e Oceania (05 cardeais).

Fontes:

- ALBERIGO, Guiuseppe (dir.) História dos Concílios Ecumênicos. Paulus, São Paulo: 1995.
- BALARD, Michel. GENET, Jean-Philippe. ROUCHE, Michel. A Idade Média do Ocidente. Dom Quixote, Lisboa: 1990.
- COMBY, J. Para Ler a História da Igreja. Das Origens ao século XV. 1 vol. Loyola, São Paulo: 1993.
- FRÖHLICH, Roland. Curso Básico de História da Igreja. Paulinas, São Paulo: 1987.
- GOMES, Francisco José Silva. A Cristandade Medieval entre o mito e a utopia. In: TOPOI. Revista de História. Rio de Janeiro: PPGHIS da UFRJ/7 Letras, set. 2002, nº 5, pp. 221-231.
A Igreja e o poder, representações e discursos. In: RIBEIRO, Maria Eurydice (org.). A vida na Idade Média. Unb, Brasília: 1997, pp. 33-60.
- KNOWLES, D. e OBOLENSKY, D. Nova História da Igreja. A Idade Média. 2 vols. Vozes, Petrópolis: 1974.
- PAREDES, Javier (dir.) et alli. Diccionario de los papas y los concilios. Barcelona: Ariel, 1998.
- PIERNARD, Pierre. História da Igreja. Paulinas, São Paulo: 1982.
- VAUCHEZ, André. A espiritualidade na Idade Média Ocidental (Séc VIII a XIII). Jorge Zahar, Rio de Janeiro: 1995.

- http://www.vatican.va
- www.cleofas.com.br



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